sábado, 8 de dezembro de 2012


Tudo do que somos parte
 
Em tempo de telefonia
pessoas são  luzes e pedras incrustadas.

 
Na célula-elevador, ou naquelas das salas-de-espera,
não se escuta Bom dia!
E se alguém diz sonoramente, Bom dia,
o espanto adormecido ensurdece
e emudece o entorno.

 

A fala nesses tempos mora nas gravações mecânicas,
em câmaras ocultas, na televisão,
das quais saem sons e imagens que se refletem no vidro
dos vasos de orquídeas plastificadas,
mudos como pessoas vitrificadas.

E no entanto, somos orgânicos,
sentimentais.

Feitos de células intercomunicáveis,
ansiamos e sofremos de solidão pela ausência
e silêncio do outro humano.

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