sexta-feira, 6 de setembro de 2013

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Galeria _ a primeira coletiva da qual participei em 2010



Para mostrar a diferença entre esta foto, que talvez seja minha, e a do artista Rogério Albuquerque acima. Não retiro porque amo os comentários que me deixaram neste post. Um abraço

quinta-feira, 11 de julho de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

Corpo-de-Sonho Arte e Psicanálise está na internete. Entrem nele, obrigada!!!!!!!!!

Leia online: Corpo de Sonho Arte E Psicanalise (Eliane Accioly ...

www.kilibro.com/book/preview/29010_corpo-de-sonho-arte-e-psicanalise
Diferenciando-se da arte, o corpo-de-sonho é estado de arte ou estado de risco, pois sua emersão implica o abandono das garantias e referências do saber ...

Para Emílio Fuego

Emílio Fuego criou um forte movimento coletivo, no México e fora dele, pois atingiu diferentes continentes e países. Participei do XI Encuentro de las Mujeres Poetas en el País de las Nubes, em La Mixteca, México, há nove anos atrás. Éramos quarenta Mujeres Poetas de diferentes países e línguas. Chegamos na Ciudad de México, e na manhã do dia seguinte seguimos de ônibus, chegando aos Pueblos. Recebidas pelo povo, compartilhamos o coletivo _ pão e poesia. O sonho de Emílio Fuego se concretizou, levou a poesia para os Pueblos de sua região natal. As crianças nascidas durante o movimento tornam-se poetas, pois ser poeta é de todo dia, e para toda a vida. A poesia, o idioma comum entre nós, mujeres poetas e a coletividade, da qual fizemos parte, enquanto ali . Em bandos pelas ruas declamamos poemas nas escolas, praças públicas, igrejas, ruínas. Atualmente os publos que percorremos ficam em Oaxaca, estado mexicano. Nesta região nossa última estada foi na cidade de Oaxaca. Mixteca hoje é um entre os mais de cinquenta antigos idiomas ainda falados nos pueblos mexicanos. E a expressão Mixteca significa País de las Nubes. O estado de Oaxaca é alto, e realmente as nuvens chegam ao solo, as atravessamos. Convidada por Emílio a cada ano, ensaiei ir no ano passado, o XX encontro, uma data muito significativa. Sem quebrar a sequência anual dos encontros Emílio realizou 20 deles. Quem participou desse movimento ficou marcado para sempre. O único homem entre nós era o Emílio, presença forte, delicada, preocupado com cada uma de nós, e discreta. A tribo que se criou em torno de Emílio Fuego permanecerá. Poetas amigas espalhadas pelo mundo, e aqui no Brasil. Agora reunidas em nossa despedida de Emílio, que lutou durante um ano, bravamente, contra um cancer. Adoecido mas inteiro, com a integridade que era dele, realizou o XX Encuentro de las Mujeres Poetas en el País de las Nubes. Meu forte abraço, querido Emílio Fuego.

Homenagem a Emílio Fuego

 



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Uma boa metáfora


Uma boa metáfora da luta contra o ATO MÉDICO é a luta contra os vinte centavos.  Vimos todos que a questão é imensamente maior, o buraco é mais embaixo.  Não lutamos contra os médicos, eles são nossos colegas e companheiros, precisamos deles tanto quanto eles precisam de nós. Nossa luta é contra uma mentalidade reducionista, que se propõe a criar castas. Estas foram criadas desde que o mundo é mundo para dominar e impor. Seria a criação de uma elite. Pergunto-me, precisamos de elites onde quer que seja, e de uma no campo da saúde? O ATO MÉDICO viria decompor o que é necessário ser composto, e não decomposto. Fragmentar o campo da saúde adoeceria a todos, não apenas aos pacientes que nos procuram por seus sofrimentos, mas aos profissionais da saúde. O ATO MÉDICO se propõe na sua inconsciência a adoecer o campo da saúde. Precisamos ser conscientes e reflexivos.  

Os profissionais de saúde necessitam de ampla formação para criar uma base boa e sólida a começar na infância mais tenra, dentro de casa, desde os primeiros anos escolares e em toda a escola, na universidade, e ao longo da vida. Caso os brasileiros tenham boa formação, cotas nas universidades seriam obsoletas, pois disputa pela inclusão se daria por méritos pessoais.  Não podemos pensar que isso é utopia. Precisamos, ao contrário, começar a luta hoje, para que nossos descendentes possam se criar assim. Na educação e saúde o Brasil precisa ser primeiro mundo.  O SUS deve oferecer tratamento de qualidade a todos. E precisa de toda a gama de profissionais da saúde: nutricionistas, fisioterapeutas, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos, psicanalistas, médicos, e outros aqui não citados. Precisamos trabalhar em equipe, saber que um não é melhor do que o outro; respeitar e reconhecer as diferenças, e que temos  cada um a dar e a receber. E principalmente, uma longa luta, longo percurso pela frente.

Mais que profissões os que trabalham com a saúde têm ofícios. Atendemos pessoas que sofrem, precisamos de uma ética impecável, de uma preocupação amorosa e dedicada. Cada um de nós precisa de humildade para se colocar no lugar do que sofre e nos procura, estamos ali para atender, e as fronteiras que separam cada profissional da saúde de seus pacientes é tênue e delicada.  Precisamos da humildade para reconhecer que também somos pacientes. Precisamos  entrar em contato com nossas angústias e sofrimentos, o que por sua vez permite não nos defendermos das angústias e sofrimentos do paciente, e ao contrário nos reconhecer humanos e precários. A nossa força está nesse reconhecimento. A arrogância é uma defesa.  Os médicos têm muito a receber, assim como nós que lutamos contra o ATO MÉDICO.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Brasil Desperta


Recebemos e transmitimos
 
Objet : ENC: MUDANÇAS IMPORTANTES NO CONGRESSO BRASILEIRO


É assim que começa.

Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas em sua lista de endereços, pedindo a cada um deles para fazer o mesmo. Em três dias, a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.

Lei de Reforma do Congresso de 2013 (emenda à Constituição) PEC de iniciativa popular: Lei de Reforma do Congresso (proposta de emenda à Constituição Federal)


1. Fica abolida qualquer sessão secreta e não-pública para qualquer deliberação efetiva de qualquer uma das duas Casas do Congresso Nacional. Todas as suas sessões passam a ser abertas ao público e à imprensa escrita, radiofônica e televisiva. 
2. O congressista será assalariado
somente durante o mandato. Não haverá ‘aposentadoria por tempo de parlamentar’, mas contará o prazo de mandato exercido para agregar ao seu tempo de serviço junto ao INSS referente à sua profissão civil.

3. O Congresso (congressistas e funcionários) contribui para o INSS. Toda a contribuição (passada, presente e futura) para o fundo atual de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. Os senhores Congressistas participarão dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.


4. Os senhores congressistas e assessores devem pagar porseus planos de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.

5. Aos Congressistas fica vetado aumentar seus próprios salários e gratificações fora dos padrões do crescimento de salários da população em geral, no mesmo período.


6. O Congresso e seus agregados perdem seus atuais seguros de saúde pagos pelos contribuintes e passam a participar do mesmo sistema de saúde do povo brasileiro.

7. O Congresso deve igualmente cumprir todas as leis que impõe ao povo brasileiro, sem qualquer imunidade que não aquela referente à total liberdade de expressão quando na tribuna do Congresso.

8. Exercer um mandato no Congresso é uma honra, um privilégio e uma responsabilidade, não um uma carreira. Parlamentares não devem servir em mais de duas legislaturas consecutivas.

9. É vetada a atividade de lobista ou de ‘consultor’ quando o objeto tiver qualquer laço com a causa pública.

Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem. A hora para esta PEC - Proposta de Emenda Constitucional -é AGORA.

É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO.

Se você concorda com o exposto, REPASSE.  Caso contrário, basta apagar e dormir sossegado.
Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO para que possamos ajudar a reformar o Brasil.

NÃO SEJA ACOMODADO. NÃO ADIANTA SÓ RECLAMAR.NÃO CUSTA NADA REPASSAR.

 

domingo, 9 de junho de 2013

Fragmento de crônica de Ferreira Gullar


"Digo que meus poemas nascem do espanto, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação".

Domingo, 9 de junho, 2013, Folha de São Paulo, Ilustrada

sábado, 25 de maio de 2013

MADRE CRISTINA


O INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE foi criado por Madre Cristina. Anteriormente havia o Colégio Des Oiseaux, na Rua Caio Prado, Consolação. A Faculdade  Sedes Sapientiae de Ciências e Letras, na Rua Caio Prado, criada por Madre Cristina, era para moças. Entrei ali aos 17 anos, cursando Geografia. Nossos professores os melhores de São Paulo. Aziz Absaber foi meu professor, e dizia que o laboratório do geógrafo é a natureza. Outro inesquecível, Aristótelis Orsini, professor de astronomia, na época, diretor do Planetário, Parque Ibirapuera. Interagíamos com o mundo universitário, a USP, Makensie, Poli, As faculdades de Medicina, Arquitetura, outras. Ali no primeiro SEDES assisti a muitas aulas de Madre Cristina, algumas gerais, abertas a todas as alunas, outras no Curso de Pedagogia. No fim da década de 50 e início da de 60, não havia ainda o  Curso de Psicologia. Com a Ditadura o Sedes Sapientiae foi fechado, e passou a ser um braço (maldito) da PUC. Foi quando Madre Cristina começou a pensar na fundação do INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE, que está na Rua Ministro Godoy, em Perdizes. Este atravessou a ditadura, e se encontra em plena efervecência e produção nos nossos dias atuais. Ali funcionam e florescem inúmeros Departamentos.  Neste  INSTITUTO  fiz minha formação em Psicanálise, entrando no novo SEDES em 1979, ainda na Ditadura. Madre Cristina era incrível em sua inteligência e humanidade. Ao criar o  INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE exigiu ao MEC que o reconhecesse como "não reconhecido". Graças à Madre Cristina, nunca fomos submetidos ao MEC. Ela lutou contra a ditadura recebendo professores e alunos,  suas ideias, pensamentos, palavras, pessoas do Brasil e de outros países. Madre Cristina exerceu o que as ditaduras mais temem, a liberdade das palavras e do pensamento. Tenho o maior orgulho de pertencer ao SEDES SAPIENTIAE desde minha juventude, aos dias de hoje. Parte fundamental de minha constituição e crescimento humanos, o que ainda continua. Nunca estaremos prontos. Madre Cristina trabalhou até ficar velhinha, lúcida, respeitada não apenas no SEDES, mas no Brasil e no Mundo.  Merecia um Prêmio Nobel por sua coragem, pelo que construiu e enfrentou. Hoje pertenço à velha guarda que se encontra no Sedes, enquanto membro do Departamento Formação em Psicanálise.

FILHA DO SEDES SAPIENTIAE


 

 

BIBLIOTECA MADRE CRISTINA


 

  

 

 São Paulo, 21 de maio de 2013.

 

Prezada Eliane Accioly Fonseca,
 

          Foi com grande satisfação que a Biblioteca Madre Cristina do Instituto Sedes Sapientiae recebeu sua doação de livros “O mágico de nós” de Tânia Diniz e exemplares da Coleção Milênio Mulheres Emergentes:

  • “Flor do quiabo” de Tânia Diniz;
  • “Cata-vento” de Teruko Oda;
  • “Melosofia” de Silvia Anspach;
  • “Tessituras da Terra” de Graça Graúna;
  • “Poemas na Arena” de Eliane Accioly Fonseca.

          Gostaríamos de agradecer-lhe a simpática e preciosa colaboração, aproveitando a oportunidade para reiterar nossos protestos de estima e consideração.

 

 

Atenciosamente,

 

 

Selma Dias da Cruz

Bibliotecária    

CRB8-7253       

domingo, 14 de abril de 2013

Inspiração do blog: ENCUENTRO CON MI YO http://suenomimundo.blogspot.com.br/





A responsabilidade por cada pensamento,
cada palavra e cada ação precisa ser toda nossa.
É quando tomamos posse de nossa vida,
e é quando o sentimento de pena por nós mesmos acaba.

 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Notícias de 2010, pelo Google

O Poeta Ferreira Gullar – com seu livro “Em alguma parte alguma” – foi o grande vencedor do 53º Prêmio Jabuti, na categoria “Livro do ano – Ficção”, anunciado na noite desta quarta-feira (30 de novembro), em cerimônia realizada em São Paulo. Em seu agradecimento, o poeta afirmou: “Eu só vou dizer: não sei se poesia é literatura, fora isso, a gente faz poesia porque a vida não basta.”
Em entrevista concedida à revista Veja em 2010, ele discorre brevemente sobre seu novo livro:
“O livro tem três partes sem nome, que podem ser separadas pelo conteúdo. Uma delas fala do cosmos, do problema da galáxia e da Terra e da vida e da luz, uma série de coisas. Outra tem poemas mais ligados ao meu livro anterior, como um sobre (José Maria) Rilke e a morte, que é um texto longo. A terceira parte tem um jogo entre a ordem e a desordem. Esse é um dos temas básicos do livro. Vários poemas tratam disso. A linguagem é ordem. Fora da linguagem, a emoção e a vivência são desordem, porque ainda não estão organizadas em linguagem. A poesia se realiza num jogo dialético entre a ordem e a desordem. O título do poema que abre o livro já diz tudo, Fica o não dito por dito. Não tem a expressão “Fica o dito por não dito”? O título do poema é o contrário. Porque a poesia a gente não consegue dizer, o poeta tenta dizer o que não é possível. Então, faz de conta que eu disse (risos).”
Em Alguma Parte Alguma Ferreira Gullar 192x300 [Notícias] Ferreira Gullar vence o Prêmio Jabuti de 2011
Em homenagem ao poeta, compartilhamos aqui um trecho do novo livro:

Anoitecer em Outubro


A noite cai, chove manso lá fora
meu gato dorme
enrodilhado
na cadeira
Num dia qualquer
não existirá mais
nenhum de nós dois
para ouvir
nesta sala
a chuva que eventualmente caia
sobre as calçadas da rua Duvivier
(Ferreira Gullar)


Leia mais em: http://ebooksgratis.com.br/tag/premio-jabuti/#ixzz2OCzGN1i3

quinta-feira, 14 de março de 2013

ENDEREÇO CONSULTÓRIO _ FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE _ INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE


ELIANE ACCIOLY FONSECA

Rua Joaquim Floriano, 871 – Cj. 94
04534-013 – Itaim Bibi
Consultório: 3168-3639
eliane@acciolyfonseca.psc.br


O link abaixo dá acesso  ao catálogo dos membros do Departamento Formação em Psicanálise, do Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo, SP

Encontre o seu psicanalista





SÃO  PAULO _ ZONA SUL




 




 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Semi-novos: Viagem à Índia .1

FOTO DE ANALUIZA MINARDI












Poesia,
este território perigoso.

Descer abaixo da linha do horizonte,
subir em seta vertical,
nunca mais ser a (o) mesma (o).

Mudar de mesa e encontrar a tribo.

Semi-novos: Viagem à Índia .2


FOTO DE ANA LUIZA MINARDI











Caminho lama:

nos pés e na alma,
pegadas da natureza

humana.

Semi-novos: Índia e Nepal

FOTO ANA LUIZA MINARDI












Para entrar em Katchmandu atravessou inúmeras barreiras burocráticas. Já em território nepalês toma um susto: e seu passaporte? Perdido no mundo dos infernos, o buraco negro que é sua bolsa? Mais que perda de identidade, o sentimento de sumir, não existir. Nesses instantes terroríficos se depara com uma criatura das montanhas dos Himalaias, um iaque. Retirado dos platôs paradisíacos, seu habitat,  ser jogado na jaula de um aeroporto com lajotas de granito vermelho lavradas em negro, cercadas por paredes de tijolos vermelhos e escuros  "Valhe-me Deus!", o iaque corcoveia, corre cegamente acuado, acuando e apavorando o susto da mulher. Enquanto isto, o passaporte bufão, cujo sumiço o pivô da história, escondido e recostado nas almofodas interiores de um dos bolsos da japona, morre de rir.

Semi-novos: Viagem à Índia .3



FOTO DE ANA LUIZA MINARDI










 No forte de Dubai a mulher perdeu-se do grupo. Caso diplomático, dada desaparecida. Tempos depois, o Sahara notificou uma mulher em um oásis, vestida de burca rosa-choque, montando camelo. Aquela que se perdeu em Dubai deixou de ser turista, tornou-se viajante. E nunca mais voltaria ao ponto de partida.

Semi-novos: Viagem à Índia .4

FOTO DE ANA LUIZA MINARDI

 












Uma mulher coberta
no pátio da mesquita
descobre a pomba:

e o milho amarela


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Resenha do filme francês: "Amor"

de Eliane Accioly
(Amour) Direção: Michael Haneke.
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Emanuelle Riva, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud e Willian Shimell.

Um pequeno derrame pode mudar uma vida, vidas, assim como revelar a real precariedade e fragilidade do ser humano, em cada um de nós ao nascimento, mas que teimamos em negar, nos sentindo poderosos. E nada poderia ser pior que a ilusão do poder. Temos a precariedade de ser humano, cada um de nós, reconheçamos ou não. E assim, seria importante reconhecer a precariedade de nossos jeitos de viver, da vida em comum, da vida em família. Terrificante, não é?

O filme é primoroso. Sem uma pitada falsa de açucar. Impressionante imaginar que este filme tenha sido criado, e de que se encontre  à disposição de cada um de nós que queira e se disponha a assistí-lo. O diretor é uma pessoa extremamente sensível e verdadeira, um artista, e entre os atores, se distingue acima o par: Trintignante X Riva.

Casal de octogenários que vivia harmonicamente o curso de suas vidas, ou da vida em comum muito bem plantada pelos dois. Se amaram desde sempre, verdadeiros em sua força de vida, chegando à velhice cercados daqueles que frequentaram e ajudaram a crescer, assim como pelas coisas que adquiram durante a vida livros, quadros, e outros objetos desde artísticos, à louça de cozinha.  Faziam a própria comida e nas refeições tomavam vinho, como parte inclusa do prazer de cozinhar e compartilhar. Ambos professores de música, próximos de pessoas que os  respeitavam e admiravam. Uma filha, um genro e netos mais distantes, cada qual com sua vida, até porque o casal de velhos se bastava. O que não significa ser bom, apenas era assim. Até o incidente que os atravessa e os devassa.

Anne não aceita seu estado, tendente a piorar, segundo os médicos, e constatado pelo dia a dia do casal. Ele se fecha no pedido da mulher, que não a deixe parar em hospitais ou em asilos! Cuidadoras são dispensadas, a filha não é escutada.
Para não invadir o filme forte e delicado, vou contar da pomba sem desconfiômetro, que invade o apartamento dos velhos senhores, costumeiramente. A pomba passeia por ali, como se o espaço fosse dela. O território de uma pomba, é assim como o de um cão. O território é deles, e os que ali se encontram, pertencem aos donos do território. No caso não é um cão, mas uma pomba.
Vale a pena ver o filme, e apreciar o que ele revela do real e do simbólico. Paradoxos e dimensões humanas, de cada um de nós.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Encontros


Amós Oz, escritor israelense de quem tanto gosto e sigo nas aventuras dos livros que vou encontrando. Que bom sermos contemporâneos, neste mundo estranho e contraditório em que vivemos. Acabo de ler “de amor e trevas”, livro com lembranças autobiográficas. Nele, aparece como um menino cujos pais falavam várias línguas. Com o filho só em hebraico. Quando queriam falar entre eles se comunicavam em russo, em polonês: “O menino está escutando”, diziam.  Uma vez o avô paterno falava exatamente com Amós, contando histórias da família e outras. E a avó passando por ali escutou, e dirigindo-se ao avô: “Fala em russo, o menino está ouvindo”.

“Oz” em hebraico significa “coragem”.  O escritor adotou este pseudônimo/nome após a morte de sua mãe, quando tinha 12 anos.  O livro “de amor e trevas” tem 617 páginas. Os pais foram presenças muito fortes para Amós, embora em muitos momentos, presenças atormentadas e atormentadoras. Ambos intelectuais e originários de famílias da Diáspora. Amós nasceu em Jerusalém, em 1939, momento que esta cidade pertencia aos ingleses.

Conviveu em sua infância e adolescência com líderes como Bem Gurion e Menachem Begin, e com muitos escritores e acadêmicos, pessoas de uma época crucial na qual Israel que se constituía, enquanto país.  Entre os escritores que Amós Oz cita, e diz ser ultrapassado como muitos outros escritores/mitos da época de seus pais, encontra-se Agnon. Este recebeu o prêmio Nobel na década de 60. Fiquei surpresa ao encontrar em minha biblioteca as “Novelas Jerusalém”, de Agnon. Editora Perspectiva, 1967. Comprei este livro no “Sebo Bagdá”, que fechou suas portas em 2011. Quando fecha um estabelecimento que frequentei durante anos sinto nostalgia em um primeiro momento, e me acostumo rápido, a vida continua.

Entre fins do século XIX, a primeira guerra (1914) e a segunda guerra (1939) países acabaram e outros surgiram, Israel, por exemplo. E em Israel quantos povos, momentos históricos, muitos países.  E em cada um de nós quantas histórias, quantas vidas vividas nesta vida. É do que trata “de amor e trevas”, livro de Amoz Oz.

domingo, 13 de janeiro de 2013

para minha tribo daqui do blog





 
 
 
 
 





1.

uma fonte une poetas,
alimenta moinhos,
movimenta monjolos,
e se der sorte, traz à luz

um poema de vento
ou de água 
ou de fogo, essa fonte,
ferro incandenscente de marcar cavalos,
seu nome: desassossego

2.
cavalo marcado em brasa,
inserido à força na manada ganha rédeas,
a não ser que se rebele, corcoveie, fuja
(para onde?)


marcado pelo desassossego,
o poeta,
rebelde de nascença, inconformado,
nasce sentindo-se à parte,
mas queira ou não, mesmo sem pertencer
é parte do rebanho


porque ser poeta não é ser louco,
nem tampouco ermitão,
o poeta, ao mesmo tempo,
estrangeiro e gregário,
quer compartilhar, quer leitor (es)


se o poeta, ser estranho
no seio do rebanho,
não pertence,

solitário lobo uivando
nas estepes da poesia.

3.

desaparece a inspiração,
período da entressafra,
quando parece, nada mais irá brotar

ainda assim me recuso a esquecer a sina,
ser poeta, minha benção,
minha maldição.

e eu que tanto brigo,
na poesia sou à baila,
a mercê das mercês,
que pelas bençãos, existem.

4.

se hoje é domingo, e amanhã será segunda,
como se domingo fosse a primeira... e seria?
não sendo assim linear nem há primeiras,
e hoje domingo, tempo de devassidão e embriaguez,
eras de fernando pessoa e guimarães rosa


e embora hoje seja eu escuridão,
me agarro à clarice,
raio da lua perdida
nos vapores da cidade


e então, me afirmo lunar,
nesta invernada lispector do verão


5.

sendo lispector e clarisse,
sou pessoa e guimarães,
sou ninguém