sábado, 30 de abril de 2011

PAUL KLEE

Ficheiro:August Macke, Zeichnung Paul Klee, 1914.jpg



AUTO RETRATO
IMAGEM DO GOOGLE


Leio "Klee", by Susanna Partsch, Taschen.
Minhas primeiras leituras deste artista, que começou como músico, violinista e talentoso.
Seus pais foram músicos.
O pai era alemão, e apesar de morar na Suiça,  
ali constituindo família, nunca deixou de ser alemão.
Mais tarde, na época da segunda guerra, Paul Klee requereu a cidadania suiça, só a recebendo seis dias após sua morte. As autoridades do país consideravam incompreensível sua arte.
Desenhou desde criança, e deste ponto partiu para as artes plásticas.
Perseguiu a cor, no plural. Foi após uma viagem à Tunisia, que escreveu que a partir de então, as cores estavam nele.
Muito surpresa ao conhecer um pouquinho  histórias de Paul Klee e de  sua vida.

Klee escreveu teorias, pensou a arte.
Uma vida coerente e contra a corrente.







quinta-feira, 28 de abril de 2011

CARTA DE PAUL KLEE AOS SEUS TRÊS GATOS



"Queridos Nuggi, Fritzy e Bimbo:



Chegado ao fim da minha vida, dirijo-vos esta carta para vos dar conta da importancia que tiveram no meu atribulado percurso como pintor.
Creio que não teria chegado onde cheguei como artista do meu tempo sem o vosso amor e a inspiração que nunca me regatearam.
Fiz questão de vos manter presentes em tudo quanto fiz, desde as cartas aos poemas, passando, naturalmente, pelos quadros em que tentei modestamente representar-vos.
Vocês acompanharam-me nas horas de sofrimento e incerteza, de exílio e de privação, mas também naquelas que me deram a ilusão da felicidade. Primeiro o meu querido Nuggi, cinzento e meigo, ainda nos anos da juventude; depois, Fritzy, tigrado, brincalhão e matreiro a que tambem chamei Fripouille, nos tempos mais intensos da criação pictórica e tambem do reconhecimento artístico pelo público e pela crítica; por fim, Bimbo, branco e discreto, já nos anos da doença e da decadência física, sempre dedicado, sempre presente, sempre terno e atento.
Devo confessar que sempre vislumbrei em vós um toque do sagrado, porque não hesito em considerar-vos seres divinos, que eu não fui capaz de retratar com o talento nas telas e nos desenhos em que vos tentei eternizar. Sim, é verdade que vos escrevi cartas, sobretudo a Bimbo, já no fim da vida, e que não tinha sossego nos meus telefonemas sempre que me diziam que algum de vocês estava doente ou andava fugido. Isso nunca foi uma fraqueza minha e sim uma das principais manifestações do amor que consegui compartilhar com outros seres.
Ainda assim, alguns dos quadros de que mais gosto são precisamente aqueles em que vos reservei lugar, com títulos como O Gato e o Pássaro ou A Montanha do Gato Sagrado. Os gatos ajudaram tambem a fortalecer amizades com artistas e poetas que comungavam comigo esse amor e essa admiração irrenunciáveis. Foi o que aconteceu com Rainer Maria Rilke. Até isso eu vos fiquei a dever, tributo reservado a um pintor que tentou estar sempre à altura da vossa ternura e infinita capacidade de dádiva.
Agora que estou de partida, levo comigo a recordação do que vocês foram para mim e a convicção de que não teria sido o que fui, nem teria chegado onde cheguei, sem o vosso amparo e dedicação. No meu íntimo, sei que voltaremos a encontrar-nos, porque não pode acabar no perecível mundo material e terreno um amor como o nosso.


Eternamente vosso


PAUL KLEE"

(in Amados Gatos de José Jorge Letria-Oficina do Livro)

(Carta e imagem retirados no Google)

sábado, 23 de abril de 2011

CORREDORES




Tem dia me sinto em filme feito de imagens e silêncio, cor pastel como as do cerrado. A sobra do bacalhau da sexta feira da paixão rendeu um espagueti para nós dois. Abrimos um vinho tinto. A madeira da mesa a louça antiga semi desbotada minha saia florida sua bermuda azul. E nos corredores da vida não corremos demoramos e restamos luz de interiores. Vivemos, só isto. É tão intenso que me sinto num filme, imagem tempo. O almoço acaba a vida continua.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

PARA JAIME _ de ARTEBAIÃO


Quando a vida me perpassa
memórias do amanhã
sou rio
horizonte
sou  um triz

E às vezes nem há eu
há imagens cor de rosa e sépia

sábado, 9 de abril de 2011

Escrever, um laboratório




Escrevo e reescrevo
e em cada reescrita
um outro texto.

Talvez uma crônica



Etimologicamente a palavra testemunha significa a presença de alguém em corpo e alma, em algum lugar e com alguém na duração de um acontecimento. Testemunhar se faz com os sentidos sentimentos sensações. Testemunhar é perceber e tomar consciência do que se vive ou viveu, do que acontece ou aconteceu.


Escrever é risco, deixar pegadas, pois, para encontrar sentido no ato de escrever escrevemos para o outro. Vivemos paradoxos, porque mesmo escrevendo ficção, nas entrelinhas oferecemos depoimentos e testemunhos: um olhar.
Por outro lado, se escrever é oferecer memória, e se esta é da ordem da ficção, o escritor é feito de paradoxos, pois, enquanto  ser humano, ele é da ordem da ficção.
Testemunhas um do outro, o escritor e o leitor.











REFLEXÕES


POR QUE ANDAMOS NÚS?
PORQUE NÃO SABEMOS
QUE SOMOS NÚS

COM A LÃ DO NOVELO
TEÇO MEUS PÉS
O CHÃO
E  A DOR DE COTOVELO

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A COLECIONADORA DE LAGARTAS


a menina alimenta
 os bichos tecem
casulos dormem

em certos dias
borboletas voam
no céu do quarto

terça-feira, 5 de abril de 2011

MEMÓRIA


Descubro as coisas quando as vivo e as experimento.
Descubro de uma maneira vivida que nós somos nossa memória, lembranças, resgistros.
Nossa memória passa pelo coletivo, mas caminha para o que cada um de nós vive em sua vida.
Ou seja, os acontecimentos e processos que perpassam nossas vidas, desde que conseguimos nos lembrar.
Alguns precocemente, outros bem mais tarde.
Precisamos de nossa memória para ter uma coerência e linha de continuidade em nossa vida.
Apenas para contar o que descobri.
O ovo de Colombo.