quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Encontros


Amós Oz, escritor israelense de quem tanto gosto e sigo nas aventuras dos livros que vou encontrando. Que bom sermos contemporâneos, neste mundo estranho e contraditório em que vivemos. Acabo de ler “de amor e trevas”, livro com lembranças autobiográficas. Nele, aparece como um menino cujos pais falavam várias línguas. Com o filho só em hebraico. Quando queriam falar entre eles se comunicavam em russo, em polonês: “O menino está escutando”, diziam.  Uma vez o avô paterno falava exatamente com Amós, contando histórias da família e outras. E a avó passando por ali escutou, e dirigindo-se ao avô: “Fala em russo, o menino está ouvindo”.

“Oz” em hebraico significa “coragem”.  O escritor adotou este pseudônimo/nome após a morte de sua mãe, quando tinha 12 anos.  O livro “de amor e trevas” tem 617 páginas. Os pais foram presenças muito fortes para Amós, embora em muitos momentos, presenças atormentadas e atormentadoras. Ambos intelectuais e originários de famílias da Diáspora. Amós nasceu em Jerusalém, em 1939, momento que esta cidade pertencia aos ingleses.

Conviveu em sua infância e adolescência com líderes como Bem Gurion e Menachem Begin, e com muitos escritores e acadêmicos, pessoas de uma época crucial na qual Israel que se constituía, enquanto país.  Entre os escritores que Amós Oz cita, e diz ser ultrapassado como muitos outros escritores/mitos da época de seus pais, encontra-se Agnon. Este recebeu o prêmio Nobel na década de 60. Fiquei surpresa ao encontrar em minha biblioteca as “Novelas Jerusalém”, de Agnon. Editora Perspectiva, 1967. Comprei este livro no “Sebo Bagdá”, que fechou suas portas em 2011. Quando fecha um estabelecimento que frequentei durante anos sinto nostalgia em um primeiro momento, e me acostumo rápido, a vida continua.

Entre fins do século XIX, a primeira guerra (1914) e a segunda guerra (1939) países acabaram e outros surgiram, Israel, por exemplo. E em Israel quantos povos, momentos históricos, muitos países.  E em cada um de nós quantas histórias, quantas vidas vividas nesta vida. É do que trata “de amor e trevas”, livro de Amoz Oz.

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